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A saga das travestis portuguesas do século 16

A saga das travestis portuguesas do século 16


ARTIGO

Fado com bonecas

Conheça um pouco da história das travestis portuguesas do século 16*


Você já deve estar convencido de que as bonecas e seus fãs não são invenções modernas e participam da história da humanidade desde tempos imemoriais. Ao longo do tempo, temos falado delas, as bonecas, em lugares e épocas exóticos e relativamente distantes de nossa cultura, mas, desta vez, resolvemos abordar um local mais próximo, ainda que com uma abordagem histórica: Portugal.

Importação de primeira
Pesquisar sobre a história das travestis portuguesas não é uma tarefa fácil, pois o material não está à mão e não é tão fácil de ser encontrado. No Brasil, o estudioso mais proeminente do assunto é o antropólogo Luiz Mott, da Universidade Federal da Bahia.

Segundo Mott no seu texto "Pagode Português", publicado na revista "Ciência e Cultura" (SBPC/SP), vol. 40, fevereiro de 1988, as primeiras referências a práticas sexuais sem ser entre homem e mulher aparecem nos Cancioneiros do século 13. Os Cancioneiros eram compilações de cantigas populares, escritas em galego-português (a língua portuguesa sequer havia se desenvolvido integralmente).

Lá, segundo Mott, homens do povo e da nobreza já eram referidos como "amantes da cópula per annum [N.R.: anal], distinguindo-se desde já dois papéis sexuais: o ativofodincu e o passivo fodidincu".

Desde muito cedo, o território de Portugal caracterizou-se pela presença de uma grande diversidade de povos, dos que lá habitavam havia muitos séculos antes da formação do Estado até conquistadores, como romanos e árabes, e italianos, espanhóis, indianos, franceses, etc. Com o desenvolvimento do império ultra-marino português, a variedade apenas aumentou.

Em muitas das sociedades conquistadas por Portugal, o travestismo era freqüente. Era comum a existência da travestis, em geral muito bem-aceitos e integrados à comunidade, em lugares como Guiné, Benin e entre índios brasileiros, dentre os quais se destacavam os tupinambás. Entretanto, para Mott, a origem do travestismo em Portugal parece estar ligada fundamentalmente à África, sendo um traço cultural, entre os lusos, daquela parte do mundo.

Ao longo dos séculos 13 e 14 são promulgadas ordenações legais impondo pesadas penas à sodomia (cópula anal), o que será reforçado nos séculos seguintes, especialmente com as Ordenações Manuelinas (1521) e Filipinas (1606), que também aplicavam multas, açoites e degredos a quem se vestisse com roupas do sexo oposto.

Bonecas perseguidas, nunca rendidas
Apesar disso, parecia haver, na época, um verdadeiro relaxamento dos "costumes morais", ao ponto de apenas em 1553, D. João III autorizar a investida da Inquisição sobre os adeptos do sexo anal. A perseguição atingiu todas variantes deste tipo de sexo, inclusive a que ocorria entre homem e mulher, mas, mesmo assim, desenvolveu-se uma rica e proibida subcultura sexual alternativa nas terras lusitanas.

Segundo a historiadora Isabel Drumond Braga no texto "Ser Travesti em Portugal no século 16", as bonecas de então podiam ser encontradas em Lisboa e identificadas pela maneira extravagante de se apresentar, pelo uso exagerado das cores e pelos elementos femininos nas roupas. Vaidosas, já recorriam à depilação, à maquiagem e ao uso de cabelos longos com franjas. Essas bonecas concentravam-se na região da Ribeira da Naus e, quando apanhadas por seus algozes, eram açoitadas e degredadas para o Brasil!

Em 1556, segundo Mott, registra-se o primeiro processo da Inquisição contra uma boneca – Vitória, escrava que pertencia a Paulo Maniques. Vitória foi denunciada exatamente pelas prostitutas da Ribeira, incomodadas com a concorrência que a negra corpulenta lhes impingia.

Vitória tem uma rica história pessoal, tendo conseguido, inclusive, passar-se por uma mulher verdadeira ao chegar a Portugal. Presa, tentou enrolar os inquisidores, dizendo que tinha um "buraco na ilha", mas examinada pelos oficiais do cárcere, não escapou ao degredo perpétuo nas galés (tipo de embarcação) do rei, como remeiro.

Outros processos envolvendo bonecas negras foram registrados nos livros da Inquisição, e havia denúncias inclusive contra escravas vindas do Brasil, especialmente da etnia manicongo. Bonecas brancas e mestiças, porém, também existiram, e, em mais de um caso, enganavam seus clientes dizendo ter "natura" (órgão sexual) feminino – embora, é claro, nem todos fossem tão ludibriados assim.

Já no século 17, por volta de 1620, havia em Lisboa a Dança dos Fanchonos, folguedo provavelmente intinerante do qual participavam muitos travestis, e na qual fatalmente ocorriam relações sexuais, apesar da perseguição. O período ente 1620 e 1644, para Mott, é foi o mais produtivo em relação às sexualidades diferentes – e, felizmente, nossas queridas bonecas sobreviveram e puderam influenciar suas descendentes brasileiras, ou não estaríamos aqui.


* este texto foi produzido com a colaboração de Luiz Mott, que gentilmente cedeu as informações relacionadas à sua pesquisa histórico-antropológica.


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