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A vida das travestis na Itália

A vida das travestis na Itália


REPORTAGEM

Sapori d’Italia

Por que o país da pizza atrai tantas travestis brasileiras

por Deco Ribeiro

Em maio de 2005, a polícia italiana invadiu uma festa de aniversário com mais de 200 travestis. Entre elas, Robisaura, a “Rainha das Travestis” de Roma, presa com mais oito bonecas e dois homens. A acusação: operar a maior rede de prostituição trans do país.

O esquema envolvia buscar travestis no Brasil, ajudá-las a chegar à Itália – geralmente, de maneira ilegal – e forçá-las a se prostituir. Já faz quatro anos, mas ainda hoje o país da pizza é o destino da maior parte das trans brasileiras no exterior, legais ou ilegais.

Dívidas e exploração
De acordo com os policiais, as travestis eram levadas à Itália entrando por Portugal e, uma vez em Roma, eram instaladas em apartamentos minúsculos, pelos quais eram obrigadas a pagar 500€ de aluguel semanal.

As meninas não tinham alternativa a não ser a prostituição para pagar a viagem e a estadia – e viviam em estado de semi-escravidão: um motorista as acompanhava até os pontos e passava a noite vigiando.

Do dinheiro ganho, mais da metade ficava com a organização. O que sobrava era gasto com aluguel, roupas, maquiagem, academia e eventuais operações estéticas – o que acarretava mais dívidas e um envolvimento cada vez maior com a rede.

A notícia da prisão de Robisaura parece antiga para os dias de hoje – mas, infelizmente, essa ainda é uma realidade das bonecas em todos os lugares! Aqui mesmo, no Brasil, milhares são expulsas de casa ainda na adolescência e, principalmente no interior, migram para as grandes cidades de sua região e se abrigam em casas de cafetinas que agem de forma idêntica: fornecem abrigo, alimentação, roupas e até próteses de silicone a preços altíssimos, forçando-as a trabalhar na pista para pagar o que devem antes de seguirem com suas vidas.

A dívida, entretanto, só aumenta, nunca termina. “Com toda essa estrutura, a travesti começa a fazer dinheiro, mas é um lucro falso, pois tudo ela tem de pagar à cafetina”, explica Fernanda, travesti que se prostitui na região central de São Paulo. E se não pagar? Segundo Keila Simpson, presidente da Associação de Travestis de Salvador, o que acontece nas ruas da Itália não é diferente do que acontece na Bahia: “Elas furam, matam, dão tiro. Isso acontece faz muito tempo. Não é de hoje”.

Lucros e compensações
Se, na Itália, as coisas acabam não sendo tão diferentes assim do Brasil, por que o país se tornou o destino preferido das trans brasileiras? “O segredo está nos homens”, confidencia a travesti Bruna, que lá vive há mais de dez anos. “A cabeça do homem europeu é muito mais aberta, aceita muito mais a travesti como uma pessoa normal – e ainda tem o lado latino do italiano, né?”.

As palavras fazem eco às da artista Marguinha Minnelli, residente em Milão: “Talvez a diferença esteja na cama. O brasileiro é bem melhor, mas, fora dela, deixa muito a desejar – e eu não vivo só de cama”.

Para elas, o comportamento do italiano em relação às travestis acabou se difundindo por toda a sociedade, criando um ambiente com menos discriminação. A transexual Valéria Sousa, que foi para a Itália há cerca de quatro anos justamente para fugir do preconceito, aponta como exemplo uma simples caminhada de mãos dadas com o namorado: “No Brasil, nos olham como marginais. Aqui, não!”.

Na Itália, Valéria conseguiu emprego como garçonete. “O fator predominante para que eu saísse do Brasil foi o trabalho. As oportunidades aqui [...] são maiores, e as chances levam em conta a sua capacidade [...]. No Brasil, isso é quase impossível”.

A travesti Bruna, que faz programas, diz que mesmo esse tipo de trabalho não é motivo de desprezo. “Sou muito bem tratada, principalmente pelo fato de o brasileiro ter fama de ser muito bem-dotado aqui na Itália”, ri. “Alguns clientes [...] me levam para jantar em casa, me apresentam para as mães. Já comi muito macarrão da mama”.

Atualmente, Bruna vive com um casal italiano. Ambos são seus clientes freqüentes. “Eles sempre gostam de chamar mais uma pessoa, e eu fico responsável por escolher. Em troca, eles me pagam casa, comida, tudo”.

Se o fluxo de travestis para a Itália desde os anos 80 foi fruto do agenciamento ilegal de traficantes de escravas ou da atração exercida pelo romantismo do homem italiano, não se sabe – mas, já há algum tempo, outros destinos na Europa andam tão ou mais procurados, principalmente depois da integração e das quedas das barreiras entre as fronteiras de vários países. “Acredito que muita coisa mudou”, analisa Janaína Lima, coordenadora de travestis da ONG Identidade, de Campinas (SP). “As travestis não querem mais só ir para a Itália, mas também para a Espanha, Portugal, Suí-ça, França”. Segundo ela, “a Itália já não é mais a mesma”.

Não é mesmo. Neste pontificado Bento 16, a Igreja Católica anda bastante ativa – e o Vaticano fica justamente em Roma. Vale lembrar que, se no Brasil, as pesquisas com células-tronco estão em uma discussão que evoca o laicismo, na Itália, a pedido do papa, milhares de cidadãos deixaram de votar em um plebiscito sobre o mesmo assunto. Igual fervor ocorre no combate ao estilo de vida das bonecas. Talvez por isso, muitas acabem voltando, como a travesti Giana Leali. “A melhor coisa que me aconteceu foi ter ido à Europa – e a pior também”, diz.


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