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Berdaches

Berdaches

ARTIGO

Berdaches: índio sabe o que é bom

Antes da chegada dos europeus, houve uma época em que ser amante de uma boneca significava acumular honra e prestígio


por João Marinho

Você que é fã de uma bela boneca certamente já passou por uma dessas situações: ter amigos que criticam as charmosas travestis e não sabem como é bom sentir aquele corpo feminino, milimetricamente construído e com “algo a mais”; ou ter de sair para realizar suas fantasias, mas esconder de todos o prazer que isso lhe dá. Sim, nem sempre é fácil...

ReproduçãoParte dessa dificuldade resulta do fato de que a sociedade, na maior parte das vezes, é hipócrita e discrimina as bonecas e seus adoradores. Sem cair no discurso vitimista ou político-ideológico, isso é uma tremenda sacanagem, já que o certo é que cada qual viva seus gostos e fantasias do jeito que achar melhor.

As coisas, entretanto, nem sempre foram assim. Houve um período em que ser uma “boneca” era motivo de orgulho público e manifesto e tornar-se amante de uma delas consistia em um verdadeiro prêmio.

Graças a estudos e pesquisas etnográficos e históricos de autores como Walter L. Williams, George Devereux, Peter Fry, Edward MacRae e Luiz Mott, sabe-se hoje que, antes da colonização europeia nas Américas, os índios tinham uma experiência muito diferente da nossa em relação ao que podemos chamar de ancestrais das travestis, e não apenas no Brasil, mas em todo o continente.

Ah, você pensava que o gosto pelo “terceiro sexo” era coisa “moderna”? Nada disso. Já em 1530, o explorador espanhol Cabeza de Vaca registrava em seu diário a aproximação que teve com “suaves rapazes” no atual estado norte-americano da Flórida. Nada mais eram do que índios que se trajavam e trabalhavam como mulheres.

Até o século 18, inúmeros relatos semelhantes se acumularam: de missionários católicos a conquistadores e mercadores de várias nacionalidades, todos faziam referência às alegres moçoilas “diferentes” das demais, que desfilavam sem nenhum constrangimento entre os nativos.

Reprodução Há basicamente três tipos de fonte para estudar esse fenômeno entre índios antes da chegada de Colombo: esculturas e cerâmicas; mitos transmitidos oralmente e registrados em manuscritos; e relatos dos primeiros cronistas europeus a chegarem ao Novo Mundo.

Um dos melhores trabalhos na área foi o executado pelo já citado antropólogo Walter L. Williams. Em mais de 100 tribos nativas norte-americanas, como as do povo Navajo, Crow, Lakota ou Arapaho, foi constatada a presença das precursoras das bonecas.

Os europeus as apelidaram de berdaches. A palavra berdache (algumas vezes, bardash) tem relação com o francês bardache, o italiano bardacchia, o espanhol ou árabe bardajo, ou ainda o persa berdaj, que parece ter dado origem a todas elas. Todas essas expressões significavam ou “menino pederasta” ou “efeminado” ou algo próximo disso, em tom depreciativo. Não foi à toa que os europeus se dedicaram a eliminar aquelas bonecas da face da Terra.

Os índios, porém, tinham uma visão bem mais interessante. Grosso modo, as berdaches eram consideradas como realmente pertencentes a um terceiro sexo ou gênero. Nas línguas indígenas, expressões equivalentes a “metade-homem-metade-mulher” podiam até ser comuns, sem terem nada de pejorativo.

Muito pelo contrário, por sinal. Na maioria das vezes, as berdaches eram vistas como seres quase sagrados, abençoados pelos deuses por reunirem as qualidades de ambos os sexos. A elas, frequentemente eram atribuídos poderes sobrenaturais – e tinham presença obrigatória nas festas. Ademais, muitas vezes, as berdaches herdavam riquezas de parentes mortos na guerra e se tornavam muito prestigiadas.

Os casamentos com elas geralmente eram permitidos. Aliás, por tudo que foi escrito há pouco, o homem que conseguisse se unir a uma berdache era tido como bem-aventurado e até invejado por seus companheiros.

Na avançada civilização asteca, as berdaches também podiam ser encontradas. Os espanhóis Díaz del Castillo e Frei Bernardino de Sahagún escreveram textos em que citam essas instigantes meninas – embora condenando-as.

E na América do Sul? A situação não era muito diferente. Há dois casos bem notórios: em 1575, André Thévet, no livro Les singularitez de la France Antarctique, refere-se à presença das berdaches entre os tupinambás, índios que ocupavam a maior parte da costa brasileira. Eles as chamavam de timbiras.

Por sua vez, os nativos guaicuru, que faziam parte da nação guarani e viviam próximos ao Rio Paraguai, mantiveram a tradição das berdaches – a que eles davam o nome de cudinhos – até finais do século 18.

É mesmo uma pena que o homem branco tenha mudado essa forma de ver as coisas – mas as bonecas são resistentes e, apesar de todos os revezes, estão aí, cada vez mais lindas, para a nossa alegria.


Imagens: Reprodução. | Publicado em 15/03/2012.

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