PERFIL
O ano era 2004, mês de agosto. Depois de duas edições relativamente bem-sucedidas – a segunda, entretanto, menos que a primeira – e de ter passado por uma terceira edição que não chegou à média de audiência das anteriores, o SBT apostava novamente no reality show Casa dos Artistas.
Sob o risco de acusação de plágio, já que o reality teria sido copiado do Big Brother da holandesa Endemol – que o havia licenciado para a Rede Globo –, e diante da queda na audiência, a emissora de Silvio Santos fez uma mudança no formato
Daquela vez, o apelo seriam os Protagonistas de Novela. Sem celebridades, o programa trouxe jovens que se inscreveram interessados no prêmio maior da atração: a oportunidade de estrear em uma novela do SBT como protagonista. De fato, a vencedora, Carol Hubner, participou da novela Esmeralda.
Nasce uma estrela
No entanto, podemos dizer com certa tranquilidade e pouco medo de errar, que não foi Carol quem roubou os holofotes. Uma gata então morena, de curvas pronunciadas, rosto de anjo e extremamente sensual logo se destacou, mesmo tendo permanecido apenas sete dias confinada: Bianca Soares
Dois acontecimentos marcaram a trajetória de Bianca na Casa. Primeiro, tal como Alexandre Frota na primeira edição, ela aceitou o convite e retornou ao show em setembro daquele ano. Segundo, a revelação de que aquela bela mulher que roubava tantos olhares masculinos de desejo não era uma mulher, afinal, mas uma travesti – e, só quando saiu, ela soube que a notícia “vazara” e pôde sentir a repercussão.
O impacto midiático foi intenso. Em questão de meses, Bianca deu entrevistas a grandes rádios, como Transamérica e Jovem Pan, participou de chats na internet, como os do portais Terra, UOL e o da revista gay G Magazine, deu entrevista à allTV, emissora que transmite pela Web, e se tornou figura disputada em programas da tevê aberta, como o Boa Noite, Brasil (Bandeirantes) e Charme (SBT), então apresentado por Adriane Galisteu.
A lista de revistas e jornais repercutindo o assunto também foi considerável. Reportagens sobre a gata pipocaram em veículos de renome, como Veja, e em outros de apelo mais popular, como o Diário de S. Paulo e a revista Tititi.
Uma nova mulher
Ao longo de sua trajetória, Bianca revelou que havia considerado a possibilidade de realizar a cirurgia de redesignação sexual (troca de sexo). Em entrevista a um site, em 2004, por exemplo, comentou que havia pensado na ideia por cerca de oito anos.
Em uma de suas últimas e mais famosas aparições na tevê, no quadro “Diário Secreto”, do programa Superpop (RedeTV), Bibi, como é apelidada pelos amigos, declarou-se transexual e disse que realizaria a cirurgia, afinal. A informação demonstrou que ser denominada travesti, como ficou nacionalmente famosa, não era exatamente o mais adequado.
Com primeiro grau completo – até onde pudemos apurar –, Bianca já passou por poucas e boas. Sofreu preconceito na escola por conta de sua condição de transgênero, e a experiência na Casa, por mais que tenha sido produtiva e a tenha levado ao estrelato, também teve momentos pouco agradáveis, como cortes inconvenientes em suas falas e mesmo a experiência de viver em um ambiente “carregado”. Da mídia em geral, ficou a mágoa do sensacionalismo feito após a descoberta de que ela não era uma mulher biológica.
Curitibana, evangélica e aquariana nascida em 12 de fevereiro de 1983, Bianca começou a tomar hormônios aos oito anos – até por acaso, pegando as pílulas anticoncepcionais das irmãs.
Aos 13, com o importante apoio da mãe, começou a terapia hormonal sob supervisão de especialistas de uma universidade na capital paranaense, desistindo, porém, de realizar a cirurgia por volta dos 18 anos – assunto reconsiderado só mais tarde.
Talento em rede
A dificuldade de encontrar trabalho, diante do preconceito enfrentado pelas trans, levou-a a se tornar garota de programa, agendados por meio da internet – mas a gata levou e leva tudo com dignidade impressionante, sem falar na legião de fãs e clientes que conquistou no ciberespaço.
Não por acaso, seus filmes pornográficos, tais como A Boneca da Casa, Contos de Bianca e Sodomizada foram sucessos de venda e locação. Seu blog oficial (www.biancasoares.blogger.com.br) ainda hoje é o destino de centenas de acessos por mês. Capa da revista Man, ela repetiu o feito de Roberta Close, ao posar, não-operada, numa revista masculina de apelo tradicional.
A beleza e carisma da gata, porém, não restringiram suas participações artísticas ao mercado erótico. Bianca também chegou a atuar no Show do Tom (Record), no quadro “O Infeliz 2”, paródia do programa O Aprendiz.
Um dos pontos altos foi sua participação na elogiada série Mandrake, exibida pelo canal por assinatura HBO, em que trabalhou ao lado de Marcos Palmeira.
Palmeira, porém, não foi o único famoso com quem ela já dividiu uma cena. Na experiência do mercado erótico, Bianca chegou a gravar um polêmico filme em que transa com Alexandre Frota. A cena caliente, você confere aqui, no Transites.com.br.
Imagens: © Fallms
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