REPORTAGEM
Parece que as travestis e transexuais voltaram à carga no meio televisivo. Em janeiro/2012, a minissérie O brado retumbante apresentou o/a filho/a do presidente da República na figura de uma transexual. Já a novela Aquele beijo traz como personagem a travesti Ana Girafa, interpretada pelo ator Luis Salém – mas, na vida real, como que uma travesti descobre que é travesti?
Questão de formação?
Muito se questiona sobre o que define nossa sexualidade. Enquanto algumas teorias apontam para um fator genético, outros apostam que as definições sobre nossa sexualidade acontecem quando ainda somos crianças.
Algumas pessoas que sentiram isso na pele têm uma opinião própria a respeito. É o caso de Nádia, 28 anos, travesti de Porto Alegre/RS: “Não acredito que a gente escolha o lado a que vamos inclinar o nosso desejo sexual. Se não, com certeza, seria muito mais fácil escolher ser heterossexual, não acha?”.
Hoje em dia, o termo “travesti” é associado a uma pessoa que nasce biologicamente homem, mas acaba por se identificar com o universo feminino e quase sempre acaba por transformar o próprio corpo com o uso de hormônios femininos, próteses, etc. – sem, porém, desenvolver uma identidade totalmente identificada com o sexo oposto ao de nascimento, como acontece com as transexuais, que se sentem mulheres presas em um corpo masculino.
“Sou uma travesti feliz com meu órgão sexual masculino e meu jeito [...] de usar a minha feminilidade para os homens – mas, dentro de mim, sei que existe um homem também”, diz Bruna Ravena, 25 anos, nascida em Manaus/AM e atualmente residente em Curitiba/PR.
A descoberta
“Eu me lembro, desde criança, de gostar de brincadeiras apenas de menina e do fascínio que sentia pelas roupas de minha mãe. Sempre soube que eu era diferente e não fazia parte daquele universo dos meninos”, relata Suzane, 23 anos, de Niterói/RJ.
É um tema recorrente. Em pesquisas que este repórter fez em sites e entrevistas, pude observar que o “descobrir-se travesti” quase sempre ocorre muito cedo, ainda quando crianças ou jovens/adolescentes – mas, como elas se sentem deslocadas dentro da sociedade, o processo de assumir serem “homens” com gosto pessoal em se parecer com mulheres torna-se muito penoso.
Quando elas inclinam seu desejo para esse lado de vida, tornam-se, muitas vezes, figuras estranhas e indesejadas dentro do próprio lar. “Meu pai, ao descobrir que eu tinha desejo por outros homens e gostava de me vestir como mulher, quase me matou na pancada. Ele me ameaçou de todas as formas possíveis. Foram muitas brigas e castigos”, conta Bianca, 32 anos, de São Paulo/SP.
A pressão imposta pela família é tão grande que, não raro, as travestis veem como alternativa sair de seus lares, quando não são expulsas pelos próprios pais. “Isso é a coisa mais comum que ouvimos entre nossas amigas. A sociedade, em geral, cria um ódio de coisas e situações que não compreende, com o que julga diferente. Infelizmente, a família [...] também está inserida nesse contexto”, resume Carla, 38 anos, de Florianópolis/SC. O preconceito é o tema da próxima parte desta reportagem. Aguarde...
Fotos: © Fallms
Hoje em dia, muito se comenta sobre os T-Lovers, termo que designa os homens que gostam de travestis e transexuais.
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