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Sífilis: o que é e como identificar

"Meu nome é S. e tenho curiosidade sobre a sífilis: em todo lugar que leio, sempre se diz que o primeiro sinal é uma ferida no pênis - mas e se, com travestis, eu for somente passivo? A ferida aparece no pênis assim mesmo?". (S.D., por e-mail)

por João Marinho

Olá, S., parabéns pela pergunta. Em tempos de combate ao HIV/Aids, as pessoas, muitas vezes, parecem “esquecer” que há outras DSTs que merecem nossa atenção.

A sífilis foi identificada na Europa do século 15 e podemos dizer que, até a disseminação da penicilina nos anos 40, já foi tão temida quanto a aids é hoje.

O agente causador é a bactéria Treponema pallidum, que, uma vez presente no organismo, fica incubada de uma semana a três meses, num período médio de 21 dias.

Depois disso, surge a lesão inicial da doença (sífilis primária). É o cancro duro, a tal ferida, que costuma ser profunda, de fundo macio, pouco dolorida e com as bordas endurecidas.

Aqui, respondemos à primeira parte da pergunta. Muitos textos sobre as DSTs são conservadores. Até parece que as pessoas só praticam o sexo vaginal e não existem outras formas de prazer sexual - mas a verdade é que o cancro costuma surgir na região que serviu de porta de entrada para o Treponema, o que pode incluir, por exemplo, a boca e... Sim, o ânus.

Em alguns casos, o cancro pode não estar presente, ser encontrado em regiões menos comuns, como os mamilos, ou ainda estar oculto. O aspecto também pode variar muito e até haver mais de um cancro, particularmente em pessoas com a imunidade comprometida. Daí, ser importante o acompanhamento médico e a realização de exames, especialmente para que tem vida sexual muito agitada e se expôs a contatos de risco.

O cancro duro costuma sarar sozinho depois de uns dias. No entanto, o Treponema continua agindo, e, cerca de quatro a oito semanas depois, a pessoa entra na fase secundária: sintomas genéricos, como febre, mal-estar e perda de peso, ínguas e lesões pequenas róseas ou violáceas na pele que se espalham por todo o corpo. Elas podem ser reincidentes por dois ou três anos, quando a pessoa pode entrar na sífilis latente, assintomática, mas ainda podendo transmitir.

Finalmente, a fase terciária se caracteriza por um comprometimento de órgãos vitais, como o sistema cardiovascular e o nervoso (neurossífilis), além de criar as chamadas gomas sifilíticas, lesões nodulares que se degeneram na pele, mucosas e/ou ossos. É destrutiva e leva à morte.

Normalmente, esses sintomas aparecem entre o terceiro e o quinto ano depois de adquirida a doença, mas podem se manifestar já no primeiro ano ou, ao contrário, levar décadas para constituírem esse quadro.

A sífilis pode ser evitada com o uso da camisinha (inclusive no oral), embora, em casos mais raros, possa ser transmitida mesmo com ela, mediante as ulcerações espalhadas na pele, quando ocorrem - mas o tratamento, se feito no início, é eficaz e geralmente com o mais antigo dos antibióticos: a penicilina. Tudo com supervisão médica, ok?

Na imagem acima: o Treponema pallidum.

Créditos de imagens: Reprodução/Divulgação.

Publicado em 22/03/2011.