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Eles dizem ser das mais diferentes orientações sexuais. Alguns se declaram héteros, outros gays, outros T-Lovers, mas todos têm uma tara em comum: gostam de transformar um outro homem em “mulher” apenas para uma noite de prazer.

Por Mario Calligiuri

Do outro lado da moeda, há os rapazes que aceitam ser transformados. Eles não são e nem pretendem ser transexuais, travestis, nem mesmo crossdressers – até porque, para eles, o uso de roupas femininas na hora da transa não é propriamente um fetiche.

Para tentar definir esse grupo, aparentemente nunca estudado – e, por isso, sem classificação – e formado por esses dois tipos de personagens, parece que a palavra mais representativa é: dominação.

Diário de bordo
Durante alguns dias, criei um personagem que usei nas populares salas de bate-papo, fossem elas gays, trans, héteros ou de casais.

Com um nome masculino e dizendo que tinha a fantasia de me “transformar” em mulher para uma noite de sexo, acabei, curiosamente, atraindo muita gente interessada.

Mais curioso ainda é que muitos dos pretendentes se diziam heterossexuais convictos. Outros, gays que desejavam um homem másculo ou T-Lovers a fim de trans absolutamente femininas, acabaram por aceitar minha fantasia – e as mensagens não paravam de pipocar na tela!

O prazer em dominar
Mas e aí? O que pode se dizer de um homem que tem tesão em “transformar” outro em “garota”, mesmo que esse outro fuja do ideal feminino sexual e de beleza?

Quem inicia uma explicação é o psicólogo e terapeuta sexual João Batista Pedrosa, que trabalha com Análise do Comportamento: “Alguns homens ficam com outras pessoas para possuí-las [grifo nosso], porque, na história de vida desses homens, no passado, eles viveram situações semelhantes e condicionaram prazer sexual com ‘possuir’ alguém, independentemente de quem seja: homem, mulher, hétero ou homo. Seu foco é dominar, é ‘possuir’, não a relação sexual como um todo”.

Para Pedrosa, o que leva um homem a ter tesão em transformar o outro em mulher pode variar caso a caso, mas, não raro, nota-se esse prazer inserido no ato de “dominar, transar com alguém travestido, coagir o outro e até humilhar”.

Experiência
Das experiências que colhi pelas salas de bate-papo, separei algumas frases que ilustram bem como funciona essa vontade de dominação. A conversa abaixo é entre mim, que usava o apelido de André, e um personagem com o nickname de “tesudo 20 cm”.

André (reservadamente) fala para tesudo 20cm: Sou homem, tenho aparência masculina, voz masculina e não quero mudar isso, mas tenho a fantasia de me transformar apenas visualmente para uma noite de trepada, tipo me depilar, colocar uma peruca, essas coisas. O que acha?

tesudo 20cm (reservadamente) fala para Andre: Adoraria ter alguém pra se transformar assim pra mim!

André (reservadamente) fala para tesudo 20cm: Mesmo sabendo que eu não sou fisicamente do jeito que você disse curtir? Eu não sou travesti!

tesudo 20cm (reservadamente) fala para Andre: Sim, mesmo assim. Vou adorar trepar com alguém que se transformou, vou adorar te fazer de minha putinha, minha escrava!

Interessante, não?