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Travestis maduras: o que acontece com elas?

Travestis maduras: o que acontece com elas?


REPORTAGEM

Cansadas de guerra

Na juventude, elas já enlouqueceram muitos homens, mas agora chegaram à maturidade. Por onde andam as bonecas que já não são mais lolitas?

por Deco Ribeiro

Esta reportagem surgiu de uma indagação: você já viu alguma travesti mais velha? Não digo 70, 80 anos, mas 50, 40 que seja... Às vezes, parece que todas as travestis têm por volta de 20 e poucos, 30 anos, não é? O que acontece com elas depois?

As que nos deixaram
“Posso ser direta? Por muitos anos, a maioria morria antes de chegar aos trinta”, diz Janaína Lima, travesti e coordenadora do Grupo Identidade, de Campinas (SP), que defende os direitos de minorias sexuais. “A Aids e a violência levaram muitas meninas ainda bem novas. Se existe uma boa chance de elas chegarem hoje aos 30 anos, foi graças à diminuição do preconceito e ao trabalho de ONGs que as apoiam”.

“Nesses meus 20 anos de observação, muitas morreram de Aids ou foram assassinadas brutalmente por traficantes ou por brigas entre elas mesmas”, concorda a médica transexual Marcella Lopes, de Porto Alegre. “Tudo isso está relacionado com a discriminação e a marginalização social que afetam a maioria, infelizmente”.

São questões que tocam fundo na essência do que é ser travesti ou transexual em um país como o nosso: pobre e capaz dos maiores preconceitos – mas algumas sobreviveram e estão aqui para contar suas histórias.

As cafetinas
Para as bonecas que se descobrem na rua e sem alternativas desde a adolescência, o abrigo em casas de cafetinas e a prostituição são as únicas soluções. “A travesti que vive das ruas é uma sobrevivente”, diz a psicóloga Claudia Câmara. “Ela aprende a se virar naquele ambiente; muitas vezes, explorada [...] – e, para muitas delas, essa é sua única escola”.

A cafetina fornece abrigo, comida, roupas e, às vezes, até paga por operações caras, forçando as bonecas a se prostituírem para pagar o que devem – mas a dívida nunca termina. A menina começa a fazer dinheiro, mas é um lucro falso, pois grande parte fica com sua “protetora”, que, muitas vezes, também fazia programas.

A travesti F., que preferiu não se identificar, é um exemplo. Ex-prostituta, agora abriga mais de 15 bonecas em duas casas. Leva-as aos pontos de kombi e vigia se tudo corre bem. “É um negócio. Muitas chegam do interior sem nada. Eu as ajudo e elas me ajudam”. A ajuda, nesse caso, é para F. cuidar do marido, que tem câncer.

Esse, porém, é um ambiente ainda bastante hostil, mesmo para as cafetinas. “Algumas cafetinas são muito agressivas: batem nas travestis com correntes e mandam ‘apagar’ as que resolvem desafiá-las [...]. Muitas acabam morrendo relativamente cedo”, diz a doutora Marcella. Afinal, há sempre a possibilidade de um contra-ataque.

As autônomas
O sonho da cafetina F., entretanto, é montar um salão de beleza e se aposentar – e esse pode ser outro caminho onde encontrar travestis mais maduras: nas profissões (“estigmatizantes”, segundo a médica gaúcha) de cabeleireira, estilista ou maquiadora, ou ainda fazendo shows.

Em geral, são travestis que se assumiram cedo e tiveram um razoável grau de aceitação social, ainda que enfrentando dificuldades. Não por acaso, são encontradas em muitos bairros das periferias. A secretária Sandra Moreira confirma: “No meu bairro, há uma travesti que é dona de salão de beleza e outra que é gerente de uma confecção. É normal”.

Já as travestis maduras que conseguem alcançar uma situação profissional mais estável e com maiores ganhos – muitas vezes, até completando os estudos e se formando em uma faculdade –, possuem, não raro, uma trajetória de transexualização tardia.

Elas reprimiram o lado feminino por trás de um comportamento homossexual efeminado (ou mesmo heterossexual) e só assumiram seu lado trans depois de obter uma certa independência financeira e/ou sair da casa dos pais. “Eu mesma comecei tarde, aos 22 anos – e só depois que me formei em medicina”, conta Marcella. Na Nova Zelândia, Vicki Harvey é uma representante desse grupo. Mudou de sexo após se aposentar como militar e ter passado mais de 20 anos dirigindo tanques. Ela tinha 73 anos...

As casadas
Engana-se quem pensa que as travestis estejam naturalmente condenadas a enfrentar a velhice sozinhas. Cada vez mais, homens que gostam de bonecas – os T-lovers – têm assumido esse tipo de relacionamento, vivendo com sua namorada como marido e mulher.

Infelizmente, nem todos pensam assim, como demonstra uma mensagem que a artista trans Claudia Wonder certa vez deixou em seu perfil no orkut: “A partir de hoje, estarei deletando todos perfis de T-lovers que os criaram somente para fazer contato com travestis. Não posso me dizer amiga de pessoas que não me assumem”.

Alex Jungle, T-lover declarado, tenta justificar o porquê desse comportamento. Segundo ele, se os T-lovers fossem mais aceitos pela sociedade – e não fossem vistos como gays –, certamente muitos assumiriam as relações com mais tranquilidade: “Graças a uma minoria de T-lovers, na qual eu me incluo, que deixa clara essa falha de concepção da sociedade, amanhã, novos T-lovers poderão [...] não ter receio das perdas que hoje, não sejamos hipócritas, todos teriam ao assumir tais relações”.

Dentre as dificuldades, Alex cita, por exemplo, o fato de que muitas imobiliárias se recusam a alugar imóveis para um casal assim, “diferente”: “Negaram todos os aluguéis para nós – e com as desculpas mais esfarrapadas”, conta.

Mesmo assim, há quem enfrente essa barra – e se considere casado com suas namoradas trans. Para Jungle, é uma fase que o T-lover só alcança quando está certo do que quer e do que pretende para seu futuro: “Relacionar-se de verdade com o mundo das travestis, respeitando-as, e, principalmente, sendo sincero consigo e com elas”, para que elas possam, enfim, descansar e viver felizes para sempre.


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